TECNISA - Resultado no 4º trimestre/2016
Forte Prejuízo Líquido; Distante de um Ponto de Virada
Os resultados do 4T16 da Tecnisa vieram fracos, marcados por uma perda líquida maciça de R$ 252 milhões e margem bruta negativa. Contingências e provisões também influenciaram negativamente os resultados, enquanto a alavancagem aumentou 510 bps t/t para 69% DL/PL.
Na performance operacional, no entanto, observamos alguns números fortes, como um maior volume de lançamentos, menos distratos e maior velocidade de vendas de lançamentos.
Além do anúncio do resultado do período, a empresa aprovou ontem um aumento de capital, o que trará nova diluição para seus acionistas (em junho/2016 a empresa teve um aumento de capital, parte dele subscrito pela Cyrela).
A faixa de valor para o aumento de capital deverá situar-se entre R$ 74 milhões e R$ 150 milhões.
Destaques operacionais.
As vendas líquidas atingiram R$ 263 milhões, forte recuperação, considerando que as vendas líquidas em doze meses até o 3T16 foram de apenas R$ 123 milhões.
Os lançamentos foram responsáveis pela maior parte dessa aceleração, enquanto as unidades em estoque continuaram sendo um desafio para a Tecnisa: as vendas líquidas dos lançamentos tiveram uma saudável velocidade de vendas (VSO) de 15,7%, enquanto as vendas líquidas das unidades concluídas foram equivalentes a apenas 2,5% inventário.
A empresa tem atualmente um estoque com duration de 47 meses de vendas líquidas. Os cancelamentos de vendas continuam prejudicando os resultados da companhia, apesar da redução t/t (os cancelamentos somaram BRL 130 milhões, -22% t/t)
Desempenho econômico-financeiro.
A receita líquida atingiu R$ 65 milhões no 4T16 (+1.177% t/t, -41% a/a) e R$ 329 milhões em 2016 (-74% a/a). O aumento trimestral foi relacionado à recuperação de lançamentos / vendas no 4T16.
No entanto, esses números não foram suficientes para compensar a queda anual da receita líquida (-74%). Além disso, o trimestre trouxe margem bruta negativa, devido a maiores descontos e menores volumes de construção.
Por outro lado, as despesas com G&A e vendas diminuíram 32% a/a em 2016. A linha de outras despesas operacionais foi impactada por várias provisões no 4T16 (principalmente relacionadas à revisão de medição do custo de terrenos e unidades em estoque, em R$ 117 milhões).
Em resumo, o resultado líquido foi negativo em R$ 252 milhões, o pior resultado já apresentado pela empresa desde o IPO.
Conclusão.
Mais uma vez, a Tecnisa apresentou prejuízo líquido e números fracos em seus resultados trimestrais. Ao longo de 2016, a empresa foi severamente afetada por maiores cancelamentos de vendas, provisões e descontos concedidos para impulsionar as vendas. A receita de equivalência patrimonial também foi negativa no trimestre, prejudicando ainda mais a rentabilidade.
Em nossa visão, não há um gatilho de curto prazo para uma recuperação do desempenho da Tecnisa, considerando que:
(i) os distratos devem permanecer elevados;
(ii) o giro de unidades em estoque deve continuar desafiador; e
(iii) as condições macroeconômicas, especialmente taxa de emprego e salários reais, não estão em patamares favoráveis para o segmento de construção civil residencial.
Considerando esse frágil resultado do 4T16, decidimos reavaliar nosso modelo, levando a uma mudança em nossa recomendação de Market Perform para Under Review.
Seguimos com nossa preferência por empresas do segmento de baixa renda, como MRV e Direcional, atualmente os únicos nomes em nossa cobertura com recomendação Outperform.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do desempenho da TECNISA no 4º trimestre/2016, elaborado por DANIEL COBUCCI, CNPI Analista Sênior , e GEORGIA JORGE, Senior-Analyst, ambos do BB Investimentos